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Procura-se: cara do supermercado |
Na segunda feira, era o dia de ir no supermercado. Minha mãe queria ir sozinha. Meu pai achava que a minha irmã deveria ir junto. Minha irmã só vai se eu for. Então fomos nós três.
E como todo dia de ir no supermercado é animador, o dia mais legal do mês, eu fui do jeito que eu estava quando cheguei do cursinho: calça jeans, uma bata indígena preta com mangas balonê que eu adoro, mas eu sei que particularmente é brega, havaianas e como eu estava com os meus cachos naturais, já estava cansada deles na minha cara (porque a minha mãe cortou as pontas! e agora ela está mega curto) e prendi num rabo de cavalo. Até porque né, eu não ia encontrar o meu príncipe encantado no supermercado - Na hora, eu não cogitei na hipótese de Curtis Stone aparecer por lá numa edição brasileira de Chef à domicílio- e fui.
Pouco depois de chegar no enfadonho mercado, quando já estava quase me atirando do cima das estantes ou me envenenando com algum produto de limpeza, quando a minha irmã vê uma cara que era o nosso número (o ruim de ter uma irmã com diferença de idade de 4 anos é esse) e ai me alerta para dá uma olhada.
Depois de ter descobrido que ele era realmente o meu número (loiro, de roupa social e cabelo comprido liso! - embora eu ache os morenos muito mais bonitos, esse era realmente charmoso.), com uma boa investigadora que sou, comecei a sem querer a andar na mesma seção que ele estava, para dar um encontrão, puxar assunto e o deixar mais a vontade para ele me pedir em casamento, vocês sabem, né? Como a minha mãe estava andando vagarosamente pelas seções e ele, que tinha chegado um pouco depois da gente, já tinha nos ultrapassado.
Comecei então a pegar as coisas mais rápido e tal, e a minha deu um chilique:
- Tá vendo T., porque eu não gosto de trazer sua irmã ao mercado? ela só pega besteira e não olha as coisas direito.
Já desistindo de procurar por ele e voltando ao mar de tédio que eu me encontrava, pensei até em voltar a empurrar o carrinho com a barriga, apoiando os braços e quase todo o corpo nele, mas a minha irmã não deixou, porque essa era a tarefa menos tediosa dela, então eu continuei a procurar as besteiras para enfiar no carrinho sem que a minha mãe percebesse.
Quando estava pegando biscoitos paulistas despercebidamente, ele estava lá, ao meu lado pegando bisnagas ou pão de forma, não sei ao certo por que estava tendo uma crise do tipo "O que eu faço agora?". Na verdade eu tive essa crise várias vezes, só que quando eu estava com a minha irmã eu falava alguma coisa do tipo "Será que eu compro isso? tá mais em conta que tal coisa, é só ver o volume e o preço e ver se compensa comprar e tal". Linda nerdice! O que eu sou? uma analista financeira?
E, depois nos encontramos novamente na seção de frios, quando eu estava surrupiando pro carrinho duas lasanhas. Nem ia poder puxar assunto, o que eu iria falar?
- Oi, começo a dieta na segunda, que droga hoje é segunda, começo na terça então.
/livro, o resto da história eu conto para vocês amanhã, crianças. Mas já aviso, essa não é uma love story.